quinta-feira, 20 de março de 2008
Curiosidade
Uma das terapias mais utilizadas no século XVI, e considerada eficaz em todos os tratamentos era usada também como medida preventiva. Receituários da época sugeriam que a sangria fosse aplicada cinco vezes no ano: em Março e Abril para cortar o “lume dos olhos”; em Maio para combater a febre e em Setembro e Outubro contra os “humores maus”e abscessos. Tão habitual era a prática que criou um oficio próprio: o de “sangradores”, também chamados “barbeiros” ou cirurgiões-barbeiros.Na armada de Tomé de Souza, militar e administrador colonial português que foi o primeiro governador geral do Brasil, tal cargo era atribuído ao sangrador Lopo Vaz. A sangria requeria experiência e conhecimento. “Sangrar não era tarefa tão fácil como pode parecer à primeira vista. Havia a necessidade de conhecer as veias e de saber quais eram as apropriadas, consoante as épocas do ano. Em Março escolhia-se a “veia da cabeça” no braço direito, recomendando-se que se tirassem apenas três dedos de sangue. Em Abril, Maio e Outubro, preferia-se a “veia arcal” do braço direito.mas em Setembro devia-se sangrar a veia que está á esquerda, sobre a arcal”.O sangrador também deveria possuir conhecimentos astrológicos, já que as sangrias só produziam efeitos quando os astros, especialmente a Lua, se encontravam em posições auspiciosas. O sangramento tinha que distinguir os dias favoráveis dos nefastos. Os diagnósticos baseavam-se no aspecto geral dos doentes e se dava grande importância à analise de urina: sua cor e densidade conforme os tratados médicos medievais.A eficiência das sangrias, especialmente as supostas virtudes preventivas não eram unanimidades. O substituto de Tomé de Sousa, o segundo governador-geral do Brasil, D. Duarte da Costa, se mostrava contrário á pratica. Ele entendia que estando o paciente bem de saúde, deviam-se evitar as purgas, sangrias e vômitos provocados.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário