quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O perigo do cigarro

Data: 31-05-2006A comemoração do Dia Mundial sem Tabaco, em 190 países, constitui um alerta dos estudiosos sobre os riscos provocados pelo uso do fumo, considerado um dos maiores causadores de doenças para a humanidade. Entre elas, estão as cardíacas e as respiratórias, e o câncer em suas mais diversas formas. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer registra que, a cada ano, o uso do tabaco mata cerca de 200 mil pessoas. Além desse prejuízo humano e social, o tabagismo também traz despesas que podem chegar a 100 milhões de reais por ano com o tratamento dos males que acarreta. A Organização Mundial da Saúde registra que mais de 80% dos tabagistas começam a fumar antes do 18 anos, idade que cai para 12 anos nos países em desenvolvimento. O Brasil, com 22 milhões de fumantes, tem entre os jovens com esse hábito 70% que são filhos de pais tabagistas - e muitos admitem ter aprendido a fumar com os pais. Esta é uma constatação que preocupa os especialistas em nosso país, e faz com que eles se voltem com mais atenção para a situação deste fumante que ainda se encontra na adolescência. O pneumologista e professor Mário Rigatto, uma das maiores autoridades sobre este assunto no país, nos deixou valiosas informações sobre o risco que o hábito de fumar constitui para homens, mulheres e crianças – sejam ou não fumantes – no artigo “ A epidemia tabágica”, do qual passamos a transcrever alguns tópicos. “O tabagismo determina forte adição por parte dos que a ele se expõem. Isto se deve ao seu rico conteúdo em nicotina, alcalóide cuja capacidade de viciar só é superada pela cocaína. Assim, uma vez fumante, a tendência é a pessoa se manter, pelo resto da vida, fumante”. “O tabagismo é a causa de morte de um em cada dois fumantes. E causa de doença e invalidez em proporção bem maior. Esta extraordinária agressividade deve-se à nefasta conjugação de quatro distintos mecanismos de ação: neutralização das defesas orgânicas, prejuízo da alimentação celular, aumento do trabalho celular e desorganização da reprodução celular”. “A neutralização das defesas orgânicas permite aos 4.000 componentes da fumaça do cigarro penetrarem até o interior dos pulmões, passarem para o sangue que por eles circula e, a partir daí, espalharem-se por todo o organismo, atingindo a praticamente todas as células”. “O prejuízo da alimentação celular deve-se aos entraves que o fumo cria ao abastecimento de oxigênio, entre todos o mais importante elemento para o bom desempenho metabólico. Sem ele as células não conseguem produzir a energia de que necessitam para o cumprimento de suas funções”. “O aumento do trabalho celular deve-se à estimulação, por alguns componentes do fumo, dos comandos nervosos que regulam a economia orgânica, obrigando cada célula a um trabalho maior que o normal. Esta conjugação de alimentação diminuída e trabalho aumentado leva a um extraordinário desgaste das células e, conseqüentemente, das estruturas orgânicas, fazendo do fumante um velho precoce, com todas as doenças e a alta mortalidade da velhice”. “Finalmente, a fumaça do cigarro é capaz de desorganizar a reprodução celular através de, pelo menos, 40 substâncias indutoras de multiplicação anômala e desordenada das células, ou seja, indutoras de câncer”. “Através destes quatro mecanismos o cigarro tornou-se, em menos de um século, a mais importante causa de doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, aneurisma da aorta, vasculopatias periféricas), de câncer (câncer do pulmão, da laringe, dos lábios, da língua, do esôfago, do pâncreas, dos rins, da bexiga), de pneumopatias crônicas (bronquite, enfisema) e agudas (gripe, pneumonia)”. “A ele também se deve a menor fertilidade do fumante (sêmen pouco concentrado com espermatozóides pouco móveis), a menopausa mais precoce da fumante (dois a três anos antes da não-fumante) e o elevado índice de insucessos nas gestações de mães fumantes (as crianças geradas em útero de mãe fumante, se não morrem durante a gestação, nascem fracas, com menor peso e altura, sujeitas a maior morbidade e mortalidade na primeira infância, e irrecuperavelmente reduzidas em sua inteligência)”. “A evidência até hoje acumulada mostra que, a par de variações individuais, a toxicidade do cigarro é diretamente proporcional ao número de cigarros fumados e inversamente proporcional à idade com que a pessoa se inicia no vício. Em relação ao sexo, o problema é mais grave nas mulheres por apresentarem maior dependência à nicotina”. “Em outros termos, uma vez viciada, a mulher tem mais dificuldade que o homem para parar de fumar. Além disso, o cigarro multiplica os riscos inerentes ao uso de pílula anticoncepcional (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, hipertensão arterial). E há ainda as graves conseqüências para a criança em gestação quando a mulher fuma neste período”. “O tabagismo é uma doença infecto-contagiosa uma vez que infecta o fumante e contagia os seus circundantes. O contágio faz-se através da fumaça: a exalada pelo fumante e produzida pelo cigarro que queima sozinho, entre pitadas. Esta última, sob vários aspectos, é ainda mais tóxica do que a fumaça exalada pelo fumante. O contágio também se faz através do sangue, no caso da gestante, e através do leite, no caso da nutriz”. “Estima-se que o não-fumante que convive com fumante, fuma um terço dos cigarros deste último. Em elevador onde não se proíbe fumar, a ascensorista, em um dia de trabalho, fuma, em média, 10 cigarros. O mesmo se estima em relação a motoristas de táxi. As crianças com menos de um ano de idade apresentam uma incidência bem maior de bronquite e pneumonia quando o pai ou a mãe fumam e maior ainda quando ambos fumam”. “Considerando-se a alta percentagem de fumantes na sociedade moderna (30 a 50% dos adolescentes e adultos) é licito concluir que ‘todos somos fumantes’. A diferença restringe-se em saber ‘quem pita’ e ‘quem fuma o pito dos outros’ ". “Os prejuízos do cigarro não se restringem à saúde humana. Ele constitui também a segunda mais importante causa de incêndios.” Fontes: TV-Globo – RJTV e Jornal Hoje – Edições de 31/05/2006 / Texto do Dr. Mário Rigatto extraído de www.medicinal.com.br

Colaboração: Tadeu Arruda

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