Escândalo do dossiê ameaça candidatura de Dilma Rousseff Luiz Carlos AzedoDo Correio Braziliense
06/04/200808h42-Com exceção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da equipe da Casa Civil, ninguém na Esplanada dos Ministérios aposta suas fichas na candidatura da ministra Dilma Rousseff em 2010. A crise dos cartões corporativos, com a ministra na berlinda, aumentou o ceticismo. Segundo um integrante da base aliada, ela não está emocionalmente preparada para o jogo sujo da política eleitoral, não teve tempo para isso. Lula, José Serra, Aécio Neves, Ciro Gomes e mesmo a Marta Suplicy estão na disputa eleitoral há mais tempo, aprenderam com os próprios erros a enfrentar essas crises. Dilma é a menos preparada politicamente, dentre todos os pretendentes, para enfrentar uma eleição à Presidência da República. Chamada de “mãe do PAC” pelo presidente Lula, começou uma corrida que exige fôlego de maratonista. O mais importante não é disparar na frente dos demais concorrentes — como acontece com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que lidera as pesquisas de opinião. É fazer parte do primeiro pelotão quando começar a campanha eleitoral propriamente dita, em junho de 2010, e ter a explosão necessária para a arrancada final. Ou seja, pulmões, coração e pernas para atropelar os concorrentes na chegada. Tropeço A aposta da equipe palaciana, que admira e respeita a competência gerencial de Dilma, era que a ministra da Casa Civil fosse capaz de correr como uma queniana. Segundo a tese do presidente Lula, a execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) seria capaz de transformar a candidatura de Dilma em favorita na disputa. O problema é que a ministra tropeçou no “dossiê” dos cartões corporativos e revelou uma personalidade que não agrada aos políticos aliados pela arrogância técnica e intransigência política. Na sexta-feira, em entrevista coletiva na qual falou muito e respondeu pouco, Dilma tentou justificar a existência de um dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a ex-primeira-dama Ruth Cardoso e alguns ex-ministros do governo anterior. Ao invés da comandante do ambicioso programa de investimentos realizado pelo governo, que Lula gosta de comparar ao Plano de Metas de Juscelino Kubitschek e ao II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) de Ernesto Geisel — o que se viu foi uma ministra abatida e insegura. Dilma se enredou na armadilha que ela própria montou: o tal banco de dados de onde foi extraído o relatório contra a oposição. O resultado da crise é uma pré-candidatura à beira do naufrágio, que precipitou um movimento a favor do terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A proposta foi relançada pelo vice-presidente José Alencar, que lembrou as três reeleições do presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt, que governou os Estados Unidos de 1932 a 1945 e morreu no cargo. A tese do terceiro mandato nunca deixou de ser defendida pelo deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), amigo de Lula, e proposta também pelo prefeito de Recife, João Paulo, no encontro da Frente Nacional de Prefeitos, sexta-feira, em Niterói (RJ), ao qual Dilma deixou de comparecer.
segunda-feira, 7 de abril de 2008
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