segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O Naufrágio.


Começa dar os últimos suspiros de vida o navio governamental que com excesso de peso e mal distribuído na extensão do seu lastro, tomba sem dó e piedade. Trata-se do Governo Iberê Ferreira de Souza. Uma continuação de dois governos chancelados por Vilma Maria de Faria. Vilma de Faria elegeu-se pela primeira vez em 2002. Comprometeu-se com Deus e o diabo. Trazia com ela a bandeira do socialismo. Criticava as elites, principalmente aqueles que atravessaram seu caminho, como o ex-senador Fernando Bezerra, indo, inclusive, até uma indústria falida, apelidada de Metasa, no município de Currais Novos, denunciar uma das maiores fraudes contra a falecida SUDENE.
Com um poder de mobilização e experiência política herdada, tanto da ditadura (ela lambeu as botas dos militares) como na política papa-jerimum de Caicó, onde seus parentes, principalmente o Ex-senador Dinarte Mariz fez escola, sentou-se na cadeira governamental administrando o Estado por dois mandatos. No ano de 2006, final do primeiro mandato, a guerreira (como ela gosta de ser chamada) parte para a reeleição. A campanha começa com as pesquisas apontando derrota total. Seu principal concorrente, o Senador Garibaldi Alves aparece em todos os institutos de pesquisas como vencedor no primeiro turno. O desespero invade o soberbo navio da Governadora, uma fortaleza até então tida como infalível. Foi aí, neste momento de angústia que aparece um de seus secretários chamado Iberê Ferreira, um mestre na arte de unir e desunir, de amar e odiar ao mesmo tempo, fazendo costuras com as lideranças da terra de Poti.
Iberê Ferreira fez um trabalho da melhor qualidade. Aglutinaram os pesos pesados de nossa política, como o Deputado Robinson de Faria, ícone eleitoral na região Agreste, Carlos Eduardo Alves, Prefeito de Natal, João Maia, Deputado Federal, cheio da grana, representante dos banqueiros. Daí para diante a coisa melhorou, correu fácil. Dona Vilma se sentindo confortável e agradecida (a sua maneira) avisou que seu sucessor seria Robinson Faria. Prometeu ao Deputado Robinson, não só pelo apoio que recebeu, mas pela experiência e dedicação que o mesmo vinha fazendo pelo Estado. Achando pouco, também prometeu a Carlos Eduardo Alves. Não satisfeita, ainda, prometeu a João Maia. E por último prometeu ao próprio Iberê Ferreira de Souza, seu mentor e articulador político. A miscelânea de candidatos estava pronta, faltando apenas administrar quando um contasse para o outro quem seria o escolhido.
O tempo passava e o navio governamental sempre navegando nas calmas águas da política potiguar.
Dona Vilma de Faria se sentindo uma Deusa, enfarou-se de sua popularidade. Começa desdenhar pessoas de seu convívio.
Os escândalos pipocaram na sala das máquinas do navio governamental, provocando pane nas engrenagens. A polícia Federal leva preso o filho da Governadora, acusado de chefiar uma quadrilha que fraudava os cofres do governo, algo em torno de R$ 40.000.000,00 (Quarenta milhões de Reais), tudo na Operação Hígia. Isto avariou, sobremaneira, o casco do navio que já antes tinha recebido forte impacto de outro escândalo: o escândalo da Fundação José Augusto, onde as bandas tocavam felizes rumo aos bolsos dos parentes da Governadora, inclusive um irmão. Tudo isto parece não ter afetado, ou foi só de fachada que a Governadora apresentou-se ao vamos apurar, para depois condenar. Até agora nada. O povo espera uma satisfação.
Hoje o navio troca de comando, Dona Vilma de Faria renuncia o governo (obedecendo a lei eleitoral) e se candidata ao Senado.
Como já era de se esperar, o Deputado Robinson Faria se sentindo traído, consulta seus correligionários e juntos partem para outra.
Carlos Eduardo Alves continua submisso, servindo como plano B, ou seja, corre por fora tentando provocar o segundo turno, evitando morte súbita.
João Maia não pode pular fora, interesses da alta cúpula fizeram com que ele ficasse debaixo da saia governamental, igual biruta de aeroporto.
Agora o que vemos: o Deputado Robinson Faria, recebendo convite de seu amigo e companheiro de grandes lutas, Senador José Agripino Maia, candidatou-se na chapa oposicionista, Vice-Governador, levando com ele uma região inteira, o Agreste, com a defecção (pouquíssima) de traidores.
O atual comandante Iberê Ferreira de Souza, legítimo Governador do Rio Grande do Norte, que confiava no líquido veneno escorregadio dos tinteiros do Planalto, vê sucumbir o sonho de governar o Estado.
No próximo dia três, domingo, outro navio carregado de valentes marinheiros oriundos da região oeste, ancorará no nosso porto trazendo não mais a guerreira, mas uma Rosa que exala o perfume de um novo amanhecer. A Rosa que exala o odor da esperança.
A vida é assim mesmo: uns terminam, outros começam.

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