sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ibama-rn: maior destruidor de mangues da América Latina.



Mangue em Chamas

Na semana anterior à vinda do ministro do meio ambiente, o Sr. Carlos Minc, ao Rio Grande do Norte o manguezal do rio Potengi estava em chamas. E exatamente na área invadida por viveiros de camarão, temos fotos que provam o fato. Isso mostra o grau de banalização com que se cometem crimes ambientais em nosso estado. Embaixo dos nossos narizes, numa área que pode ser vista de vários pontos da capital, em plena luz do dia: o mangue em chamas.
Mesmo protegido por diversas leis, o estuário do rio Potengi continua a ser devastado. Mesmo após vários anos de pressão social em defesa dessas Áreas de Proteção Permanente (APP), o mangue em nosso estado continua a ser incendiado. Mesmo com toda a cobertura da imprensa local, em mídia nacional e na Radio France Internationalle, os crimes em nossos mangues não cessam. E por que o IBAMA não atua mais nesse caso?
As autoridades do governo estadual não apontam vontade política em retirar os viveiros de camarão dessas áreas. O atual secretário estadual de meio ambiente é o vice-governador Iberê Ferreira, o mesmo que em 2002, quando deputado federal, simplesmente tomou à frente do grupo parlamentar em defesa da carcinicultura e contra a atuação de fiscais do IBAMA de todo o Brasil. Falamos da Mega-operação de Fiscalização da criação criminosa de camarão em APP. Também pudera: os empresários da carcinicultura doam dinheiro para campanhas eleitorais, enquanto as comunidades ribeirinhas, dependentes do estuário, não dispõem desse poder de barganha com nossa classe política.
Ao IBAMA, a pergunta que fazemos há seis anos: ficarão insolúveis os crimes ambientais autuados pelo órgão? Estamos criando uma cultura de impunidade. De que outra forma, numa cidade reconhecida internacionalmente pelas belezas naturais, se queimaria Mata Atlântica (sim, poucos sabem, mas manguezal é Mata Atlântica) sem preocupação nenhuma? Quando da Mega-operação de Fiscalização, tivemos fortes expectativas de mudança. Mas o incêndio da semana passado mostra que, literalmente, o problema “não saiu do canto”.
Já tivemos ano passado o maior acidente ambiental da história de Natal, quando foi apresentada em cadeia nacional a mortandade de peixes e outros animais que vivem no rio; e apontada a causa pelo IDEMA: ação criminosa dos viveiros de camarão. Ironicamente, de um viveiro indevidamente licenciado pelo próprio órgão. E o problema persiste: cada dia de atividade irregular e menos o rio fica mais vulnerável a outro desastre ambiental.
Um bom indicativo de mudança, que vimos na reportagem da TN, vem da delegada da Polícia Federal. Esta considera a conservação do rio como estando fora do controle, anunciando uma investigação em curso. Quem sabe a SEMURB não se anima também e conclui a regulamentação da Zona de Proteção Ambiental-8, que se inscreve no manguezal de Natal. São mais de dez anos de espera. Aguardamos respectivas providências.
Que sejam então bem vindas as ações do Sr. ministro Carlos Minc, pois estamos acionando com denuncias desses crimes. Renovam-se nossas expectativas para resultados, que nosso ambiente seja valorizado e que os criminosos – tanto os incendiários como os demais poluidores – sejam punidos. Natal não merece um rio Tietê. Queremos o Potengi para todos os natalenses, e não um estuário vulnerável à irresponsabilidade dos que tomam uma área pública como instrumento para enriquecimento pessoal.


Augusto Carlos de Oliveira Maux e Rogério Câmara de Araujo,
Coordenadores do Movimento SOS Mangue do RN.
sosmanguern@yahoo.com.br

Nenhum comentário: