13/08/2008
Ex-bispo acusa bispo de ameaçar obreiros de “expurgo por rebeldia”
Foto: Heracles Dantas
Bispo Francisco: "Respeito as normas da igreja
Junior Medeiros, candidato pelo PMDB, diz que Francisco de Assis exige voto de obreiros e voluntários
A disputa de mandato de vereador em Natal por candidatos vinculados às igrejas evangélicas inicia um processo de acirramento. O candidato a vereador, integrante da Igreja Universal do Reino de Deus, Júnior Medeiros(PMDB), acusa o Bispo Francisco de Assis(PSB) de ameaçar de "expurgo por rebeldia" obreiros e voluntários da denominação se não votarem em seu nome no próximo dia 5 de outubro. Segundo Junior Medeiros as ameaças de expurgo "estão causando insatisfações e provocando a divisão junto ao povo de Deus".Ex-pastor e ex-vereador em Natal, Júnior Medeiros diz que por ser um homem de Deus, o Bispo Francisco de Assis deveria ser fiel às diretrizes da igreja zelando pela sua unidade e não provocando divisões internas, procurar fazer o bem ao próximo e ajudar os necessitados. "O primeiro mandamento da igreja é ajudar o próximo e isso não está sendo observado pelo bispo", ressalta, lembrando que quando Francisco de Assis elegeu-se vereador causou uma expectativa positiva junto os evangélicos que acreditavam no seu desempenho como parlamentar. "O mandato eletivo do bispo deveria ser exercido para ajudar o próximo, mas isso não está acontecendo. Acredito até que em razão desse comportamento o bispo não será reeleito, já que existe uma grande frustração na comunidade evangélica", observa.NOVOS CANDIDATOSNessa eleição, segundo Júnior Medeiros, são candidatos à Câmara Municipal de Natal mais de 50 evangélicos de diversas denominações, como Igreja Universal do Reino de Deus, Assembléia de Deus, Igreja Batista, entre outras e o universo de votantes em Natal é superior a 10 mil evangélicos. "Se os evangélicos se unissem poderiam eleger entre 2 e 3 vereadores", avalia Júnior Medeiros, que se diz ser uma das pessoas injustiçados pelo bispo Francisco de Assis, que mesmo tendo retirado sua candidatura, em 2004, para apoiar o bispo e até ter passado dificuldades, nunca foi procurado bispo depois de eleito vereador.Assis: "Obreiros trabalham nas ruas, como trabalharam para Junior Medeiros”O bispo Francisco de Assis rebate as acusações de Junior Medeiro e diz que não está pedindo voto dentro da igreja. "Estou preocupado com a minha candidatura, respeitando as normas da igreja e a Lei eleitoral", disse. Segundo o bispo Assis, muitos obreiros estão trabalhando na sua campanha à reeleição e pedindo votos nas ruas. "Não há nada errado nisso. É um trabalho lícito e, inclusive, foi feito também por Junior Medeiros nas outras campanhas que ele concorreu a um mandato na Câmara Municipal de Natal".Bispo Francisco de Assis diz que paralelamente à campanha eleitoral mantém suas atividades como pastor e inclusive fazendo as pregações na igreja. "Exerço minhas atividades na igreja normalmente. Mas isto não significa que esteja pedindo votos ou fazendo campanha dentro da igreja", explicou.Presidente da Ordem dos Pastores diz que cada denominação deve reger a conduta dos seus filiadosQuestionado sobre a prática de político-partidária nos templos evangélicos, o presidente da Ordem dos Pastores Evangélicos de Natal - Open, Pedro Neto disse que a Ordem não interfere nas denominações evangélicas e que a instituição apenas rege a conduta de pastores filiados à Ordem. "Esse problemas compete a cada denominação decidir", resumiu o líder evangélico na manhã de hoje por telefone. O assessor de imprensa da Assembléia de Deus, Claudino Leite, afirmou não acreditar que exista política partidária dentro das igrejas evangélicas, mas admite haver exceções, citando a Igreja Universal como exemplo. Ele concorda também que os evangélicos participem ativamente de campanhas eleitorais e apresentem candidatos. "Os próprios pastores recomendam que votemos em candidatos evangélicos", disse ele, lembrando que só a Assembléia de Deus terá 15 candidatos a vereador em Natal nas eleições deste ano. (J.P.)
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