sexta-feira, 21 de setembro de 2012
ARTIGO
Artigo
Por Ricardo Sobral
O bêbado e o médico
Cidão todo sábado tomava uma carraspana pra ninguém botar defeito, chegando em casa invariavelmente de meio lastro a queimado. Brincalhão, comunicativo e carismático, mesmo quando estava liso, o que não era raro acontecer, não mudava a rotina, pois os companheiros pagavam a conta. Cidão era necessário na farra.
Havia chegado na cidade um jovem médico.
Quando acuado pela mulher o bebum se defendia:
- Estava só tomando uma geladinha com o doutor, o novo médico; nada demais, nessa vida, você sabe, a gente precisa fazer boas amizades. Inclusive, já descobrimos que somos até parentes.
Todo sábado era a mesma desculpa. Só o porre sempre crescente não era o mesmo.
A esposa quando via o médico nas ruas da cidade, olhava-o atravessado. Afinal, aquele jovem médico era o responsável pelas farras do marido. Para ela, o hospital bem que podia contratar médicos avessos à bebedeiras.
Certa noite nosso herói foi levado às pressas ao pronto socorro. Diagnóstico: pique de pressão arterial e taquicardia.
Após o atendimento, a esposa se dirige ao médico:
- Então, é o senhor que todo sábado toma um porre danado com o meu marido?
Surpreso e indignado o médico respondeu:
- Minha senhora, esta é a primeira vez que vejo seu marido; sou evangélico e em toda minha vida nunca tomei uma só gota de álcool.
Encabulado, Cidão, além de perder o “primo”, nunca mais pôs os pés no bar.
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