Ginásio São Luís
Descia suavemente no meu carro pela Rua José de Alencar quando, de repente, já próximo à Avenida Deodoro, ao meu lado direito, vejo um prédio em ruínas, uma tapera gigante que me chamou atenção. Não acreditando no que via, minha memória começou a ajudar na difícil e dolorosa tarefa da recordação. Aquele prédio que ora se deteriorava, aos poucos cada pedacinho de sua antiga construção se despregando dele, como se o tempo em câmera lenta, tentasse esconder de mim sua decomposição era o meu velho e querido Ginásio São Luis, também conhecido como colégio de padre Eymar.
Parecendo vê-lo pela primeira vez, contemplo-o admirado. Sigo em sua direção, mas um muro o cerca, sinalizando que a entrada é proibida, (talvez esteja em mãos de especuladores imobiliários). Fico olhando cada pedacinho de sua fachada, sua cor, suas janelas... Que cor seria no meu tempo de estudante? Minhas recordações seguiam mais longe. Comecei a lembrar o dia que meu pai, reunindo seus sete filhos, estacionou seu jipe, mesmo ali no local do meu carro, dando ordem para que descêssemos e guiou-nos para dentro daquela casa, apresentando-nos ao seu diretor: Monsenhor Eymar L’Erestre Monteiro, conhecido por Padre Eymar.
Eu era um adolescente, catorze anos, terminara o curso primário em outra escola. Ali eu e meus irmãos cursaríamos o ginásio. Hoje, quarenta e seis anos nos separam. Meu Deus, como a saudade machuca!
Nesse momento, porém, o muro não separava mais nada. Minhas recordações criaram asas, mergulhando de prédio adentro. Vasculhei cada compartimento, salas, corredores, quadra de esportes, até mesmo um viveiro de pássaros, o xodó da meninada, parecia gorjear em meus ouvidos.
As imagens de todos os meus colegas vieram rápidas. Os alunos, cadernetas na mão esperando o carimbo de presença, via inspetor, seguiam rumo ao pátio, fazendo fila para cantar o Hino Nacional.
Lembranças dos desfiles de Sete de Setembro. Mons. Eymar, todo orgulhoso, acompanhava-nos, seguindo o toar dos tambores aguçando nosso amor à pátria.
E os jogos estudantis. Estes, sim, mexiam com todos nós, principalmente quando éramos dispensados das aulas, rumo ao palácio dos esportes. Lá, meu primeiro flerte, minha primeira namorada.
Desta época, sinto saudades, até das vezes que fiquei de castigo. Fico imaginando como os outros ex-alunos, se ali estivessem, sofreriam a dor que estou sofrendo. Se eles entenderiam a voz do tempo sussurrando que não somos eternos. Que como aquele prédio, nós um dia, também, seremos tapera.
Descia suavemente no meu carro pela Rua José de Alencar quando, de repente, já próximo à Avenida Deodoro, ao meu lado direito, vejo um prédio em ruínas, uma tapera gigante que me chamou atenção. Não acreditando no que via, minha memória começou a ajudar na difícil e dolorosa tarefa da recordação. Aquele prédio que ora se deteriorava, aos poucos cada pedacinho de sua antiga construção se despregando dele, como se o tempo em câmera lenta, tentasse esconder de mim sua decomposição era o meu velho e querido Ginásio São Luis, também conhecido como colégio de padre Eymar.
Parecendo vê-lo pela primeira vez, contemplo-o admirado. Sigo em sua direção, mas um muro o cerca, sinalizando que a entrada é proibida, (talvez esteja em mãos de especuladores imobiliários). Fico olhando cada pedacinho de sua fachada, sua cor, suas janelas... Que cor seria no meu tempo de estudante? Minhas recordações seguiam mais longe. Comecei a lembrar o dia que meu pai, reunindo seus sete filhos, estacionou seu jipe, mesmo ali no local do meu carro, dando ordem para que descêssemos e guiou-nos para dentro daquela casa, apresentando-nos ao seu diretor: Monsenhor Eymar L’Erestre Monteiro, conhecido por Padre Eymar.
Eu era um adolescente, catorze anos, terminara o curso primário em outra escola. Ali eu e meus irmãos cursaríamos o ginásio. Hoje, quarenta e seis anos nos separam. Meu Deus, como a saudade machuca!
Nesse momento, porém, o muro não separava mais nada. Minhas recordações criaram asas, mergulhando de prédio adentro. Vasculhei cada compartimento, salas, corredores, quadra de esportes, até mesmo um viveiro de pássaros, o xodó da meninada, parecia gorjear em meus ouvidos.
As imagens de todos os meus colegas vieram rápidas. Os alunos, cadernetas na mão esperando o carimbo de presença, via inspetor, seguiam rumo ao pátio, fazendo fila para cantar o Hino Nacional.
Lembranças dos desfiles de Sete de Setembro. Mons. Eymar, todo orgulhoso, acompanhava-nos, seguindo o toar dos tambores aguçando nosso amor à pátria.
E os jogos estudantis. Estes, sim, mexiam com todos nós, principalmente quando éramos dispensados das aulas, rumo ao palácio dos esportes. Lá, meu primeiro flerte, minha primeira namorada.
Desta época, sinto saudades, até das vezes que fiquei de castigo. Fico imaginando como os outros ex-alunos, se ali estivessem, sofreriam a dor que estou sofrendo. Se eles entenderiam a voz do tempo sussurrando que não somos eternos. Que como aquele prédio, nós um dia, também, seremos tapera.
Um comentário:
Amigo, navegando na net e me lembrei no velho sao luiz e achei voce aqui lembrando de Pe Eymard e so me via em cada palavra sua. E ao final voce fecha lembrando que nao somos eternos, mas nossas lembranças pode existir muito apos nossa partida, batando apenas que passemos aos outros. Muita paz pra voce amigo, e a saudade do São Luiz pra mim é enorme, pois minha infancia toda foi la.
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