segunda-feira, 14 de maio de 2007

O que Clodovil disse

Veja a íntegra do discurso feito pelo deputado para tentar explicar suas recentes declarações sobre as mulheres

“O SR. CLODOVIL HERNANDES (Bloco/PTC-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, funcionários da Casa, solicito a todos um minuto de atenção para que ouçam uma explicação que sei que será difícil. Quando somos acusados de algo o que acontece? As pessoas que ficam sabendo da acusação não tomam conhecimento das arrumações existentes por trás dela, e mesmo que o acusado seja inocente, quem lê a notícia da acusação, nem sempre lê o desmentido. Domingo estreei novo programa de televisão. Gostaria que todos os senhores e senhoras soubessem que exigi da emissora que a primeira hora do programa, ou seja, de 20h às 21h, fosse destinada à defesa da Casa que, de certa forma é sempre vilipendiada, pois sobre ela só se ouve falar de coisas desonestas e de defeitos, muito pouco das suas qualidades. Por isso ninguém vai me dever nada porque eu não quero nada. Eu acho justo defendê-la uma vez que aqui fui bem recebido. Mas, mesmo que não o tivesse sido, eu o faria do mesmo jeito, porque não tenho por hábito retribuir grosserias. Isso não faz parte do meu espírito, nem da formação que recebi da minha família na minha casa. Estou aqui neste momento para justificar algo que aconteceu na semana passada. Tornei-me garoto propaganda da Câmara dos Deputados, pois tudo que aqui acontece a mídia corre atrás de mim para saber notícia. Mas isso foi conquistado com trabalho, não foi com desonestidade. E tenho 500 mil votos para me defenderem, votos esses pelos quais eu paguei R$ 26,70 na primeira etapa e R$ 14.000,00 na segunda etapa. Por quê? Eu acredito numa política de nome, tradição, de família. Creio que aqui há muita gente assim. Mas o que se fala sempre é aquela maldição de que há gente vendida, que pega dinheiro para depois ter de pagar, gente que faz coisas erradas porque está comprometido. E hoje em dia o dinheiro não é correto como era antigamente. E todas as coisas que eu sei... Porque eu não sou analfabeto, não sou imbecil. Estou aqui porque muitas pessoas me escolheram e eu quero fazer justiça a elas.Eu disse na semana passada que as mulheres estão perdendo referência, estão trabalhando deitadas e descansando em pé. O que eu quis dizer com isso? Não todas as mulheres, porque isso é... Se a senhora quer falar, eu deixo.
O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) Neste momento, por favor... Não estamos no Grande Expediente, o único momento em que se pode conceder apartes. Por favor, a palavra está garantida ao orador.
O SR. CLODOVIL HERNANDES Desculpe-me, mas as pessoas fazem tudo para serem notícia e não é assim que a gente se torna notícia.Eu cresci enfeitando as mulheres e, tenho consciência disso. Foi só por isso que eu cheguei onde eu cheguei. Os meus votos são das mães de família, das pessoas que acreditam na televisão limpa que eu sempre fiz. Agora, é evidente, agradar a todos é impossível. Se Jesus não agradou, por que eu, um pobre mortal, agradaria a todos?Pois bem, eu disse isso para defender as mulheres. Porque não me digam que uma moça que vai fazer filme pornô pode servir de referência na televisão.
A SRA. CIDA DIOGO Mas dizer que todas ficaram ordinárias?
O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) A palavra está com o orador, por favor, ilustre Deputada. Depois V.Exa. pode conversar com seu nobre Colega. Por favor, conclua, ilustre Deputado.
O SR. CLODOVIL HERNANDES - Em uma entrevista de televisão, se todos falarem ao mesmo tempo, ninguém se entende. Disse isso quando cheguei aqui. Infelizmente, trouxe o artista comigo e achei estranho que as pessoas fizessem tanto barulho quando alguém falava.Mas posso dizer a vocês, religioso que sou, por acreditar em Deus, que em cada poltrona vazia desta há uma pessoa que os outros não vêem, mas eu vejo. São pessoas que já não estão aqui e podem nos nortear na realização do trabalho, da maneira que tivermos de fazê-lo. Por que não acreditar nisso? E eu tenho que ouvir uma coisa que não foi dita desta forma? A senhora precisa do meu apoio? Use-o, por favor. Tanta gente usa. Tem tanta gente que nunca me pagou e que fala bobagem.
A SRA. CIDA DIOGO - Eu tenho meu próprio apoio. Eu luto pelo meu direito.
O SR. CLODOVIL HERNANDES - Eu sei. Eu conheço bem o andamento... Quando eu estava com câncer no hospital, a senhora foi me visitar?
O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Ilustre Deputada, oportunamente, concederei a palavra a V.Exa. Não é momento de debate. Peço desculpas aos oradores. Repito: não é momento de debate; oportunamente, V.Exa. vai poder se pronunciar.O ilustre Deputado Clodovil Hernandes pediu 3 minutos para fazer um esclarecimento, e quero lhe conceder a palavra para que o orador conclua seu comunicado ao Plenário, após o que vamos para a Ordem do Dia.
O SR. CLODOVIL HERNANDES - Muito obrigado. De qualquer maneira, todo mundo sabe que eu luto pelas mulheres. Mas há mulheres de todos os tipos, como há homens de todos os tipos. Quando eu me percebi homossexual, eu parei e olhei para a direita e vi os travestis que vilipendiam as mulheres. Em nome da beleza, que é Deus, viraram para lá. E, deste lado esquerdo, estavam Leonardo da Vinci, Garcia Lorca, Santos Dumont. Eu virei para a esquerda. A senhora vire para o lado que quiser. Eu jamais vilipendiaria o nome das mulheres.
A SRA. CIDA DIOGO - Tenho direito à resposta.O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - V.Exa. terá oportunidade.
O SR. CLODOVIL HERNANDES - Querida, a senhora tem um programa, com duração de 1 hora, aos domingos, de graça — eu não trabalho só por dinheiro — , para se defender e dizer o que quiser. Eu convido a senhora para o meu programa, quando poderá me atacar quando quiser; esse é um direito seu.
A SRA. CIDA DIOGO - Não quero lhe atacar.
O SR. CLODOVIL HERNANDES - Não, a senhora está aqui me fazendo um favor. Por favor, minha senhora.
O SR. PRESIDENTE (Narcio Rodrigues) - Quero, por favor, pedir ao ilustre orador para que conclua seu pronunciamento, porque este não é momento de debate.
O SR. CLODOVIL HERNANDES - Exatamente. E tenho visto exatamente isto. Desnecessariamente, hoje, numa Comissão, eu disse que não adiantava discutir uma faculdade, quando na verdade precisamos de homens instruídos. Ah, mas o dinheiro. Bem, o dinheiro, esse é um outro trajeto que não me diz respeito. O que me interessa são as pessoas, porque eu só posso falar bem porque o meu pai me deu essa chance: você vai estudar, é a herança que eu vou deixar para você. E verbalizo bem por isso.Então, o que interessa é a criança que precisa da escola; problemas pessoais a gente resolve de outro jeito.Muito obrigado.”

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