quinta-feira, 9 de julho de 2009

Fique antenado


Relembrar é preciso.

Operação Santa Tereza X desvio de verbas do BNDES
O Estado de S. Paulo (SP) - 13/5/2008
Fausto Macedo e Roberto Almeida
Da Redação
Preste atenção em possíveis homonimias: verifique pelo contexto da notícia se o nome mencionado no texto corresponde realmente ao Henrique Eduardo Alves que está sendo procurado, e não a outra pessoa ou empresa com o mesmo nome.
Cercado pela Santa Tereza, missão federal que desmontou esquema de fraudes com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o coronel da Polícia Militar Wilson Consani - apontado como operador do esquema - telefonou de seu apartamento, na Avenida Voluntários da Pátria, em Santana, para o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP).
"Tô sendo preso", disse o coronel. "Você também?", surpreendeu-se Paulinho. "Por quê?"
Em resposta, o coronel leu o mandado de prisão que a Polícia Federal lhe exibiu quando bateu à sua porta, naquela manhã de 24 de abril, quinta-feira, dia em que a operação foi desencadeada.
A informação sobre o contato do coronel com Paulinho faz parte de um dos relatórios que a PF enviou à Procuradoria da República.
O documento reconstitui os passos do coronel - homem de confiança de Paulinho -, desde a véspera da Santa Tereza, quando Consani foi flagrado em sucessivas ligações de alerta a dirigentes do PDT e da Força Sindical. Nesses contatos, o oficial demonstra preocupação em avisar o "chefe maior", segundo ele alusão a Paulinho, acerca da operação.
A comunicação entre o coronel e Paulinho foi feita por um telefone de Gil, cunhado do parlamentar. Na manhã em que foi capturado, por decisão do juiz Marcio Catapani, da 2ª Vara Federal, o coronel ligou para Gil, alegando aos federais que estava falando com seu advogado. Segundo a PF, quando recebeu a chamada do coronel, Gil passou a ligação para o deputado.
O relatório mostra que o coronel, horas antes da operação, fez contato com um dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e com José Gaspar, vice-presidente do PDT.
"Tem alguma coisa com o nosso amigo?", indagou um interlocutor do coronel, supostamente referindo-se a Paulinho, segundo a PF. O coronel respondeu: "Em primeiro plano, não. Mas em segundo pode ser. Tem um esquema de lavagem de dinheiro e das ONGs e outros pontos ligados com ele que tá na fita."
GRANDE PARCEIRO
Outro trecho do relatório aponta para o deputado Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB na Câmara. Os federais captaram e-mail do empresário Marcos Mantovani, apontado como consultor do esquema BNDES, para uma pessoa identificada como Alexandre. "O nosso grande parceiro é nada mais nada menos que o deputado Henrique Eduardo Alves", afirmou Mantovani no e-mail de 26 de fevereiro que enviou pouco depois de receber telefonema do lobista João Pedro de Moura, que se apresenta como assessor de Paulinho.
Moura telefonou para Mantovani do gabinete 539, Anexo IV da Câmara, ocupado por Alves. A PF filmou o lobista saindo do 539 com uma mochila às costas. A mensagem de Mantovani foi copiada pela PF do disco rígido do computador apreendido na empresa Progus Consultoria, de Mantovani. A Progus cuidava, segundo a PF, dos projetos das prefeituras que tomavam empréstimos do BNDES.
"Não conheço esse Mantovani, nunca fui apresentado a ele, nunca falei com ele, nem por telefone", rebateu o deputado Henrique Alves, por meio de sua assessoria. Ele também afirmou que não conhece Moura.
Preso desde 24 de abril, Mantovani foi hospitalizado sábado. Oito agentes se revezam na sua vigilância. Seus advogados, Antonio Ruiz e Carlos Kaufmann, informaram que a internação foi recomenda por problemas cardíacos e pressão alta. Destacaram que Mantovani vai dar todas as explicações à Justiça. "A participação da Progus é totalmente lícita, todos os projetos são corretos", declarou Carlos Kaufmann.
Consani não retornou ligação do Estado.
Paulinho nega envolvimento e refuta com veemência as acusações da PF. Seu advogado, Antonio Rosella, é categórico: "São acusações absurdas, uma loucura." Sobre os grampos, que a PF avalia como indícios da ligação de Paulinho com a organização, o advogado Rosella rebateu: "Meras interpretações." "Paulinho não precisa comentar o que ele (coronel) disse. Tudo já está no depoimento (do coronel)", afirmou Rosella sobre o telefonema do coronel Consani para o deputado
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Fonte: Transparência Brasil

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