TELEMAR
TORTURANDO UM CARIOCA
Atualmente,
as únicas empresas com crescimento acelerado são aquelas trabalhando com alta
tecnologia: as empresas de Internet e as companhias telefônicas. Dentro deste
boom, o fenômeno Telemar é um destaque. A empresa é a mais odiada do estado. É a
número um em reclamações nos órgãos de proteção ao consumidor. Mas ela continua
firme, gastando em publicidade para esconder a porcaria de serviço que nos
oferece. É claro que o sofrimento do cliente Telemar acaba vindo a público. Os
sites de revolta contra a Telerda proliferam. A síntese da opinião da população
está na faixa colocada numa passarela em frente à Rocinha: "Telemar: vergonha do
Rio de Janeiro".
Tive também minha experiência com esta triste empresa. Conto rápido para
vocês. Eu aguardava uma segunda linha há muito tempo. Em outubro do ano passado,
apareceu um técnico para instalar o telefone lá em casa. Ele tentou fazer a
instalação, mas diagnosticou que havia um problema na linha e teria que voltar
depois. Saiu sem o telefone funcionar. Avisei a Telemar que havia aparecido esta
criatura e que o telefone não funcionava. Tudo bem. Desapareceram todos. Um mês
depois, chega a conta do telefone. Nenhum impulso registrado - é claro, por que
não havia telefone - mas me cobravam a assinatura! Reclamei novamente que
estavam me cobrando por um telefone que não havia sido instalado. Em 24 horas,
veio um rapaz, confirmou que havia o problema na linha, e, em outras 24 horas,
colocaram meu telefone para funcionar. Pensei que as coisas tinham se resolvido.
Eu reclamara da cobrança de R$18,00 da assinatura de um mês em que eu
efetivamente não tivera telefone. Uma moça da Telemar, muito gentil, me disse
que eu seria informado do resultado da minha queixa. Fui sim. Um mês depois meu
telefone foi desligado sem nenhum aviso. Vejam que primor de respeito com o
cliente. Eu não podia mais fazer ligações. Se eu só tivesse um telefone ou
precisasse muito dele, não teria como me opor à prepotência, à chantagem da
Telemar. Teria que pagar o que eles exigissem.
Começava aí minha via crucis. Reclamei que tinham me cobrando por um serviço
que não existia. A Telemar me informou que depois que os fios eram instalados,
eles passavam a cobrar. Boa! A Telemar era então uma empresa de instalar fios.
Se o telefone funcionava ou não, isto não dizia respeito a ela.
Bem, a empresa vende serviço de comunicação por telefone. Quando tentei
resolver o problema pelo telefone, fui informado que devia ir à agência da
Telemar. Ridículo. Mas, a essa altura, eu já estava interessado em ver até onde
ia a combinação de desrespeito, incompetência e desprezo por um cliente da
Telemar. Eu fui. Uma balconista registrou a queixa que eu já havia feito por
telefone e mandou religar o aparelho.
Duas semanas depois, apesar de eu estar pagando as contas regularmente
(exceto os fatídicos R$18,00 da assinatura), a Telemar, provavelmente, só de
brincadeirinha, cortou o telefone novamente. A essa altura eu já havia tentado
reclamar pela Internet. Depois de cerca de dois meses do envio do e-mail, recebo
uma carta dizendo que este tipo de problema tem que ser resolvido, pasmem, por
telefone! Telefone?! Acho que eles ficam jogando peteca com os pobres clientes,
até que o sujeito se desespere, se suicide ou, como não tem alternativa, se
submeta à tortura que eles nos impõem.
Eu, como tenho outra linha, posso ficar esperando e brigando. Posso até
soltar os cachorros num texto publicado em Polemikos. Mas, e o pobre carioca que
quer apenas ter um telefone em casa?
Aprendi uma coisa sobre o negócio da Telemar. O objetivo principal da empresa
não é prover serviço telefônico. Também não é instalar fios mudos nas casas,
como a moça da empresa tentou me explicar. O negócio da Telemar é destruir a
minguada auto-estima do carioca. É acabar com o que resta do nosso orgulho. É
acabar com nosso esforço em tentar fazer valer nossos direitos. A Telemar deve
ser uma entidade do mal voltada para gerar cidadãos de segunda classe. O
telefone entra nesta história apenas como instrumento da perversão desses
canalhas que nos torturam.
Como disse a vocês, pelo menos eu posso reclamar. Não resolve, mas relaxa um
pouco.
Nota: Pouco depois, a Telemar me colocou no Serasa por não pagar as contas do
período em que ela me cortou o telefone. Entrei na Justiça contra a Telemar no
Tribunal de Pequenas Causas. Ganhei vinte salários mínimos da empresa telefônica
que torturava (tortura?) os cariocas. A Telemar agora é a OI. Esperamos que o
serviço tenha melhorado.
Tirésias da Silva
sexta-feira, 27 de junho de 2014
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