sábado, 5 de maio de 2012

A carta de Margarita Mota Arruda Câmara.

Prof. Geraldo Batista,

O senhor acertou em cheio. Meus quatro filhos e eu passamos um ano e quatro meses sem o apoio de Domicio porque ele não dispunha do seu próprio tempo. Não tínhamos nem sábado, domingo, dia santo, carnaval. Nem feriado. Invariavelmente recebíamos várias chamadas nos fins de semana, a maioria para conseguir vagas em UTI nos hospitais públicos do RN. Sem contar com tantos compromissos de representação e viagens ao interior.

Nossas raras idas a Campina Grande para visitar meus pais (suprema felicidade tê-los vivos) levavam em media mais uma hora, tantas paradas para atender telefonemas.

É com tristeza que constato que do tanto que ele fez e se dispôs a fazer, o que ficou mais marcado foi a forma como justificaram sua saída, sem nenhum sentimento de gratidão. Lembro o "tempo da ditadura" quando era a Vênus Platinada que demitia ministros.

Resiliência é um termo que a Medicina tomou emprestado da Física, à semelhança do "stress" e consiste na propriedade de voltar ao normal uma vez cessadas as forcas que atuaram na estrutura ou na pessoa.

Os trabalhadores da Saúde que lidam com a dor, o sofrimento e a morte necessitam de distanciar-se dos problemas do trabalho para, ao se recuperar, poder retomar outras jornadas.

Domicio não teve este direito. Nem mesmo o da divulgação clara que a decisão de deixar o governo foi dele.

Cuidemos das nossas flores.

Um abraço,



- Margarita Mota Rocha de Arruda Câmara

Nenhum comentário: