segunda-feira, 23 de julho de 2007

Presidente da TAM defende "métodos alternativos"

Quinta, 2 de Agosto de 2007 - 20h00
Os deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo questionaram o presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, quanto ao cumprimento de uma resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que estabelece normas para pousos e decolagens em pista molhada. Uma delas é o uso do autobrake (freio automático) e do reverso no nível máximo para aterrissagem.

No entendimento dos deputados, a TAM descumpriu a resolução e não poderia pousar no Aeroporto de Congonhas porque não estava com o máximo de reverso: um dos dois estava desligado. "Os comandantes nunca tiveram acesso a essa resolução", disse o deputado Vic Pires (DEM-PA).

O presidente da TAM argumentou que a mesma resolução permite que as empresas cumpram requisitos de segurança de outra forma se quiserem. E que a companhia aérea provou à Anac que seus "métodos alternativos" são comprovados pela certificação das cartas homologadas pela própria agência, atualizadas a cada emissão de certificado.

A resolução 121-189, de 31 de janeiro deste ano, determina que as empresas "devem provar à Anac que seus métodos alternativos provêm o nível adequado de segurança".

"Afirmo, com segurança, que a manutenção do Airbus estava em dia", disse Ruy Amparo, técnico operacional da TAM que acompanhou o depoimento de Bologna. Ele disse que a resolução da Anac não pode ser interpretada isoladamente, e sim em conjunto com a Lista Mìnima de Equipamentos (MEL, em inglês), conjunto de manuais que fica dentro da cabine do avião. "O MEL é a Bíblia do avião", disse.

Vic Pires discordou da opinião de Amaro e disse que está insatisfeito com a explicação dada. "A resolução está acima do manual do avião", afirmou.
O reverso é um mecanismo que inverte o funcionamento da turbina, empurrando o avião no sentido contrário.
TAM garante pagamento de indenizações
Sexta, 3 de Agosto de 2007 - 11h01
A TAM Linhas Aéreas divulgou ontem (2) na internet carta aos familiares das vítimas do acidente com o Airbus A320, no dia 17 de julho, em São Paulo. A empresa garante, na carta, o pagamento de indenizações independentemente do limite fixado na apólice de seguro contratada – o valor pode ser superior ou inferior.

Por conter informações sigilosas, argumenta a empresa aérea, cópias do contrato de seguro e da apólice da Unibanco AIG não serão fornecidas. O documento foi assinado com base em valores de mercado internacional, suficientes para cobrir os danos, acrescenta a carta.

A empresa se compromete ainda em fornecer os recursos necessários para agilizar o processo de identificação das vítimas e informa, na carta, que se alguma delas não for identificada, será dado às famílias suporte legal para o requerimento da certidão de óbito.

Dependendo do caso, a TAM também poderá custear todas as despesas para as reuniões com a Promotoria Pública, a Defensoria Pública, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa), até o final das investigações. Na carta, a empresa ressalva que não poderá fazer o mesmo com as despesas jurídicas relacionadas à transcrição das caixas-pretas, por ser a parte investigada.

E se compromete a manter os representantes das famílias das vítimas atualizados com informações do processo de investigação do acidente no menor tempo possível.
Sobre a área antes ocupada pela TAM Express, a carta informa que será doada à prefeitura de São Paulo, para abrigar um memorial.
O que a televisão não mostrou
(Ao clicar no link acima, aparecerá um quadro de diálogo
perguntando se você quer abrir ou salvar)
Leia também artigo esclarecedor na última página da Isto É Dinheiro deste mês

Pilotos reclamaram da pista dias antes do desastre

Nos três dias anteriores ao maior desastre da aviação brasileira, a Aeronáutica recebeu pelo menos doze reclamações de pilotos sobre falta de aderência na pista principal do Aeroporto Internacional de Congonhas, na capital paulista.

Os dados estão no relatório da torre de comando de Congonhas, entregue pela Aeronáutica à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, na Câmara dos Deputados. A CPI, em sessão desta tarde (31), decidiu tornar o documento público. O documento possui os relatos dos dias 15, 16 e do próprio 17 de julho, quando ocorreu o acidente.

"Muito escorregadia", "bem escorregadia", "não estava grande coisa" e casos de aquaplanagem começaram a ser reportados no dia 15 de julho. No dia seguinte, após cinco relatos, um avião da companhia Pantanal aquaplanou e saiu da pista. Após vistoria, Congonhas voltou a funcionar até a meia-noite daquele dia. No dia seguinte, a torre de comando ainda receberia uma reclamação, antes do Airbus A320 da TAM não conseguir pousar.

A pista sofreu uma reforma a partir de maio para aumentar o nível de aderência da pista. Liberada 18 dias antes do acidente, a pista não possuía ranhuras – o chamado “grooving” – para aumentar o escoamento de água durante chuvas fortes, aumentando a aderência da pista. Segundo a Infraero, a ranhura só poderia ser feita em setembro, após o asfalto ser curado.
A seguir, os principais trechos do relatório manuscrito. Os horários correspondem ao momento em que o fato foi registrado:

15 de julho
13h39 – Livro de registros afirma que pista “foi considerada escorregadia por algumas aeronaves”. Foi solicitada medição da lâmina d'água à Infraero. “Esta informou não ser necessária a vistoria”.

16 de julho
10h20 – Piloto do vôo Gol 1879 “informou que a pista "não estava grande coisa" com pouca aderência”
10h28 – O piloto do vôo 3020 da TAM informou pista "levemente escorregadia".
10h28 – O piloto do vôo TAM 3461 reportou “pista escorregadia”
10h28 – O piloto do vôo Gol 1203 reportou “pista muito escorregadia”
10h28 – O piloto do vôo da TAM 3006 pista "bem escorregadia com aquaplanagem"
Infraero solicitou inspeções de pista devido aos vários relatos. A vistoria foi feita em três minutos, segundo o relatório, das 15h25 às 15h28. O funcionário encarregado do pátio informou "ausência de poças ou lâminas d'água".

15h42 - O avião da Pantanal "pousou, após o toque aquaplanou, saiu da pista, cruzou”.
Pista foi interditada para retirada da aeronave. Após vistoria, a pista, Infraero liberou pousos e decolagens.

16h48 – O avião da TAM, vôo 3215, "chegou rápido e teve muita dificuldade de frear a aeronave", segundo relatório. O piloto informou que passou um “susto” e que "pista estava escorregadia.

16h57 – O piloto do vôo 1968 da Gol "reportou pista muito escorregadia"
17h59 – O piloto do vôo 2422 da Varig e do 1265 da Gol "informaram pista escorregadia”.
20h52 – O piloto do vôo 3108 da TAM informou "pista muito escorregadia"
Neste momento, "foi solicitada medição de lâmina d'água”. Segundo o relatório foi informado que pista estaria “operacional". A pista ficou interditada para medição por cinco minutos.

17 de julho
Durante a manhã, não houve nenhum registro de reclamação por pista escorregadia.
20h04 – O piloto do vôo 1697 da Gol informou "pista muito escorregadia".
Foram suspensas as operações de pouso e decolagem na pista principal. Inspeção da pista informou que “não havia poças ou lâminas d'água”.

21h50 – Torre de comando faz primeiro relato do acidente com o vôo 3054 da TAM.

Hotéis vêem queda de 30% com crise aérea

A rede hoteleira nos principais pólos turísticos do Nordeste registrou em julho um movimento até 30% abaixo do esperado. A desvalorização do dólar diante do real e o caos aéreo no país são apontados pelos empresários do setor como os responsáveis pela crise. Na Bahia, o presidente da Abih estadual, Ernani Silveira Bettinati, vê risco de desemprego no setor.

"Há uma queda acentuada no fluxo turístico desde o acidente com o avião da Gol, em setembro do ano passado", afirma. Segundo Bettinati, o problema se intensificou com a desvalorização do dólar e se consolidou após o acidente com o Airbus da TAM, no último dia 17.

"Não sei o que foi pior", declarou, sobre o impacto do caos aéreo e da valorização do real no turismo local. Em julho, disse o dirigente baiano, o percentual de ocupação nos hotéis do Estado ficou em 55%, 15 pontos percentuais abaixo do registrado no mesmo período em 2006. Formada por 192 mil leitos em 72 mil estabelecimentos, a rede hoteleira da Bahia gera 600 mil empregos diretos e indiretos.

Em Pernambuco, o fluxo de turistas neste mês ficou cerca de 30% abaixo do esperado na região de Porto de Galinhas (a 60 km ao sul de Recife), principal destino dos visitantes que buscam lazer no Estado.

O presidente da Abih de Pernambuco, José Otávio de Meira Lins, responsabiliza principalmente a cotação do dólar pelo problema. 'Para o turismo de lazer do Nordeste, a questão do dólar tem reflexos mais graves que o acidente aéreo', afirmou. 'Os turistas preferem viajar para o exterior ou embarcar em navios', disse.

Para tentar compensar as perdas, afirmou Lins, os hoteleiros pernambucanos têm buscado ampliar o mercado regional, que já representa 47% do fluxo de turistas no Estado. "Trabalhamos num raio de mil quilômetros de Recife. A estratégia é ampliar uma fatia do mercado que não está preocupada com o dólar e pode viajar de carro, se for preciso."

Baixa ocupação - No Ceará, a baixa ocupação hoteleira em 2007 repete o desempenho de 2006, com 69% dos leitos ocupados. Em anos anteriores, no mês de julho a ocupação chegava a 95%.
Para o presidente da Abih do Ceará, Manoel Linhares, o problema está no setor aéreo. "Em 2006, era a Varig, que se dissolveu, reduzindo o número de vôos. Agora, o apagão aéreo", afirmou. A entidade representa 80% da rede hoteleira do Estado, com 17.700 leitos.

A ministra do Turismo, Marta Suplicy, reconhece a existência da crise. Na semana passada, afirmou que o governo já estudava medidas para compensar as desvantagens causadas ao turismo interno pela desvalorização do dólar.

Ela disse ter participado de reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e entidades do setor. Segundo ela, Mantega recebeu uma pauta de reivindicações que incluía, entre outros pontos, proposta de corte de impostos e a reestruturação da aviação regional.

Fonte: Agência Folha


Nenhum comentário: