sábado, 5 de março de 2016
A ONÇA E O BODE - conto popular
Era uma vez, há muito tempo atrás, na época que os bichos ainda falavam, um bode. Um bode que estava cansado de andar por aí, sem ter onde morar. Resolveu fazer uma casa. Procurou bastante, até que encontrou um descampado. Aplainou o descampado e foi buscar material para continuar a construção. Nisso a onça, que resolvera também fazer a sua casa e procurava um terreno, achou um descampado. Feliz da vida ela dizia:
- Deus está me ajudando, pois achei esse descampado já aplainado!
A onça fincou umas estacas para marcar o terreno da casa. E saiu para buscar material e continuar a construção. Voltou o bode e ficou todo prosa:
- Deus está me ajudando, pois as estacas já estão fincadas para marcar o terreno!
Colocou as varas e fez o telhado da casa. Saiu para buscar mais material. A onça reapareceu e ficou besta de ver:
- Deus, muito obrigado! Ia dar um trabalhão fazer o telhado!
Levantou as paredes e foi buscar seus móveis. O bode nem acreditou quando viu.
- Mas que coisa boa! Como Deus é generoso! Levantou essas paredes pra mim! Isso ia dar tanto trabalho!
O bode pintou a casa e colocou seus móveis num dos quartos. A onça voltou com seus móveis e ficou de boca aberta:
- A casa já esta até pintada. Valha-me Deus, nosso senhor!!
A onça colocou seus móveis no outro quarto. E os dois, dentro da casa, dormiram cada um num quarto.
No dia seguinte acordaram bem cedo. Quando saíram dos quartos deram um de cara com o outro.
- Compadre bode, o que é que você está fazendo dentro da minha casa?
- A casa é minha, dona onça!
- Como sua? Eu que finquei as estacas e levantei as paredes! Meus móveis estão aí dentro!
- Mas eu aplainei o terreno, fiz o telhado e pintei a casa! Meus móveis também estão lá dentro!
Os dois perceberam que fizeram a casa juntos. E como tinha dois quartos resolveram que morariam ali. Só que a onça já estava pensando em jantar o bode. Ficou combinado que cada dia um sairia e buscaria comida para os dois.
Primeiro foi a onça. Saiu e encontrou um bode enorme. Muito maior que seu companheiro de casa. Matou o bode enorme e levou, arrastado pelas patas, até em casa. Chegando lá, jogou o bode enorme no meio da sala.
- Olhe, compadre bode, o nosso jantar! Você pode prepará-lo!
O bode quando viu aquilo quase teve um treco. Se a onça matou aquele bode enorme, o que não faria com ele. O coitado do bode preparou seu irmão, mas inventou um enjôo e não quis comer.
No dia seguinte, foi à vez do bode sair para caçar. Encontrou uma onça pintada muito maior do que sua companheira de casa. O bode então, imaginou um plano. Começou a catar tudo que era cipó. A onça pintada ficou curiosa e perguntou:
- Amigo bode, o que o senhor está fazendo? Pra que tanto cipó?
- A amiga não está sabendo da ventania?
- Que ventania?
- Uma ventania terrível que vai levar tudo que não estiver amarrado. Todos os bichos estão se amarrando...
- É verdade, amigo bode?
- Por essa luz...
- Então, o amigo bode podia fazer o favor de me amarrar?
- Ah, dona pintada, não sei...
- Por favor, depois o amigo se amarra...
- Então está bem! Já que a senhora insiste...
O bode amarrou a onça pintada numa árvore bem grossa. Mas amarrou bem amarrado. Depois pediu para ela:
- Tente sair amiga pintada!
A onça pintada fez força pra sair. Fez força para um lado, para outro, e nada.
- “Tá” bem firme, amiga onça?
- “Tô” bem firme!
O bode pegou um pedaço de pau e deu na onça pintada até matar. Soltou a pintada e foi puxando ela pelo rabo. Chegou em casa e jogou a pintada no meio da sala.
- Olha aí, dona onça, o nosso jantar!
A onça quando viu aquilo ficou apavorada. A pintada era muito maior do que ela.
- Como é que o senhor matou essa onça tão grande, compadre bode?
- Eu tenho um poder mágico. Assobio três vezes e aponto assim e... BIMBA!! Qualquer bicho cai morto!!!
- É mesmo, compadre? Que coisa!!
A onça ficou apavorada olhando para o bode. E o bode:
- Se não acredita quer que eu experimente?
- Não, compadre. Não precisa!
- Fiuuuuuuu... Que já foi o primeiro!!
- Não precisa, não...
- Fiuuuuuuu... Que já vai o segundo!!!
- Não precisa mesmo...
- Fiuuuuuuu...
O bode já ia apontando e a onça saiu correndo gritando feito louca. Eu só sei que a onça está correndo até agora e o bode está tranqüilo morando sozinho na casa.
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