domingo, 10 de julho de 2011

Pão e circo.




Hoje, logo cedo, quando retornava da praia de Muriú, onde fui olhar a construção de uma área de lazer que estou preparando para meus netos, surpreendi-me na Avenida Bernardo Vieira com um adolescente de, aproximadamente, catorze anos dormindo numa calçada defronte a uma loja comercial. Como era Domingo, a loja ncontrava-se fechada, o que dava “direito” àquele adolescente dormir mais pouco, estendido sob os olhares alheios dos transeuntes. Observando aquela criatura, comecei a imaginar se um dia um dos netos vivesse aquela situação. Não preciso dizer, como qualquer pai de família, como a angústia me abateu. Várias indagações: quem seriam os pais daquele menino? Onde moravam? Ele estaria com fome?
Já com o carro desligado e me aproximando dele com aquela vontade enorme de acordá-lo, o que o bom senso não permitiu, não sabia a reação daquele menino mergulhado em sono profundo, podia advir. Sono é sono! Seja onde for, acordar incomoda. Minha indignação aumentou ainda mais quando vi que nada podia fazer. Não era assistente social. Não trabalhava para Órgão do governo destinado a estas situações. Fui até o carro e já com a máquina fotográfica na mão, clic. Pronto, mais uma foto que clama por justiça social neste Brasil infestado por mensaleiros. Apesar de não ser diretamente culpado por aquela injustiça, senti-me um covarde. Senti-me um fraco, um inútil. Inútil por ter votado nesta turma de ex-esquerda, hoje mais que direita, que ao invés de criar programas sociais eficazes, aproveitaram outros como o Bolsa Escola, hoje Bolsa família, como cunho eleitoral, criando uma verdadeira nação de pedintes. Qual foi o novo? Nada, isto já existia. Sinto-me inútil, prezado amigo, por ver tanta roubalheira de nossas autoridades e não gritar “pega- ladrão”.
Não sei se dói na sua consciência. Na minha dói em saber que nossos animais de estimação dormem bem, têm comida e água fresca, enquanto as crianças perambulam pelas ruas com fome e sede, sem a mínima proteção. Você sabia que grande parte dos marginais de hoje foram essas crianças de antigamente? Se não sabe, fique sabendo.
Lembro-me que, na última campanha para presidente, a candidata Dilma Roussef, em sua propaganda política na televisão, mostrava a construção de novos hospitais. Eram construções tão bonitas que mais pareciam um hotel de cinco estrelas. Você viu algum, pelo menos, sendo feito o alicerce? Agora campo de futebol, sim. Milhões e milhões. Sabe por quê? Porque dá voto. O eleitor ignorante, a maioria o que elege, passada a dor, esquece tudo, até em quem votou. Pra que hospital? O negócio é pão e circo.
Tadeu Arruda Câmara.

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