Posso dizer que tenho uma memória privilegiada. É só
procurar lembrar, que tudo vem à tona como se fosse um vídeo bem gravado. Lembro-me
dos melhores momentos que passei, como, também, dos piores! Eis o impasse, se
me lembro dos melhores, sinto saudades; se me lembro dos piores vêm os
ressentimentos. Saudade machuca, ressentimento mata! O bom mesmo é encontrar o
equilíbrio entre os dois. Saudade a gente controla, é só melhorar o presente, o
agora, entender que tudo que tem começo tem fim. O nó está nos ressentimentos.
Temos aquela vontade que o tempo volte para darmos o troco a quem nos machucou,
ou mesmo mostrarmos uma verdade que não foi mostrada.
O tempo não existe, é uma invenção do homem, é uma ilusão. Para
mim o tempo é uma linha imaginária que demarca acontecimentos parecendo, até,
com a linha do horizonte.
Não sou nenhum doutor no assunto, apenas gosto de pensar
como são as coisas. Fico pensando como o homem pré-histórico vivia diante do
que chamamos tempo! Será que fazia como nossos índios que se guiam pelas fases
da lua: “Daqui a tantas grandes luas”. Grande lua para nossos índios era a lua
cheia.
Conheço um ateu, uma figura desprezível que acaba com
qualquer reunião, que diz provar a não existência de Deus. Diz ainda que só
acredita no que pega e no que vê! Certa vez perguntei pra ele como é que ele
veio ao mundo sem pegar no espermatozoide do pai e nem no óvulo da mãe? Disse
ainda que antes disto acontecer, ele nem existia, e que ele provasse que esta
energia suprema e criadora não é a mesma que criou o universo não tendo começo
e nem fim não se chama Deus. Até hoje ele não respondeu, pelo contrário, deixou
de falar comigo.
Os mistérios sempre existiram e sempre existirão, fazem
parte da vida.
Como eu não posso combater o tempo, faço dele meu aliado.
Ele, a linha imaginária, enche-me de incertezas, eu procuro decifrá-los. Ele enche-me
de rugas, e eu as interpreto como experiências vividas, nunca como velhice.
O tempo sempre será o tempo, e eu serei parte dele por um período!
TADEU ARRUDA CÂMARA
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