Quando estourou o escândalo do mensalão eu estava na minha
granja olhando uma égua da raça campolina que acabava de parir um lindo potro.
Era um robusto filhote, pelagem linda, canelas longas e uma vitalidade fora no
normal para um potro que acabava de nascer. Aproveitei a oportunidade e dei-lhe
o nome de mensalão.
Pois bem, mensalão cresceu com todo mimo, ração na hora
certa, banho, tudo uma maravilha.
Nutria por mensalão a esperança de ele ser o rei dos
cavalos, haja vista ser filho de pais de pura raça campolina, raça notabilizada
pela andadura macia e elegância do porte.
Tudo ia bem até o dia da doma. Contratei um peão
especializado no assunto, fiz as devidas recomendações e na maior das alegrias,
esperei montar mensalão no mais breve possível.
Veio a primeira monta e mensalão, simplesmente, levou o
domador pro chão! Foi queda grande, pensei de o peão desistir, mas nada, a
briga foi grande.
O tempo foi passando e mensalão foi se acostumando com as
lições do seu domador, ensaiava de vez em quando uma presepada, mas como o peão
era um bom profissional, a tudo contornava.
Passados três longos meses o domador entrega-me mensalão na
maior parolagem, dizendo sempre que mensalão havia tomado jeito e que eu podia
montar sem medo.
Fiquei desconfiado e cavalguei muito pouco com ele.
Certo dia, aproveitando a visita de um médico amigo chamado Paulo
Martins, que vinha acompanhado de um colega, ofereci mensalão a venda.
Imediatamente as visitas mostraram interesse e o amigo de Dr. Paulo prontificou-se
para experimentar mensalão. Ordenei o caseiro selar o garboso potro e entregar
para o colega de Dr. Paulo. Meu Deus! O doutor subiu em mensalão e quando estava
adorando o passeio gritava: aqui sim que é um cavalo, parece até um carro de
passeio. E ficava eufórico elogiando as qualidades de mensalão, ia e vinha,
sempre perguntando quanto custa o cavalo?
No meio a tudo isto, mensalão dando show na arte marchar,
faz uma pausa e começa a pular. Pula aqui pula acolá, e nosso doutor caiu de
cabeça pra baixo, fica no chão estendido gemendo de dor.
No mesmo dia resolvi vender mensalão, vendi para um pessoal
lá da Serra de São Bento. Soube depois que ele havia dado uma queda no novo
dono, quebrando-lhe o braço.
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