domingo, 30 de junho de 2013

MENSALÃO INDOMÁVEL



Quando estourou o escândalo do mensalão eu estava na minha granja olhando uma égua da raça campolina que acabava de parir um lindo potro. Era um robusto filhote, pelagem linda, canelas longas e uma vitalidade fora no normal para um potro que acabava de nascer. Aproveitei a oportunidade e dei-lhe o nome de mensalão.
Pois bem, mensalão cresceu com todo mimo, ração na hora certa, banho, tudo uma maravilha.
Nutria por mensalão a esperança de ele ser o rei dos cavalos, haja vista ser filho de pais de pura raça campolina, raça notabilizada pela andadura macia e elegância do porte.
Tudo ia bem até o dia da doma. Contratei um peão especializado no assunto, fiz as devidas recomendações e na maior das alegrias, esperei montar mensalão no mais breve possível.
Veio a primeira monta e mensalão, simplesmente, levou o domador pro chão! Foi queda grande, pensei de o peão desistir, mas nada, a briga foi grande.
O tempo foi passando e mensalão foi se acostumando com as lições do seu domador, ensaiava de vez em quando uma presepada, mas como o peão era um bom profissional, a tudo contornava.
Passados três longos meses o domador entrega-me mensalão na maior parolagem, dizendo sempre que mensalão havia tomado jeito e que eu podia montar sem medo.
Fiquei desconfiado e cavalguei muito pouco com ele.
Certo dia, aproveitando a visita de um médico amigo chamado Paulo Martins, que vinha acompanhado de um colega, ofereci mensalão a venda. Imediatamente as visitas mostraram interesse e o amigo de Dr. Paulo prontificou-se para experimentar mensalão. Ordenei o caseiro selar o garboso potro e entregar para o colega de Dr. Paulo. Meu Deus! O doutor subiu em mensalão e quando estava adorando o passeio gritava: aqui sim que é um cavalo, parece até um carro de passeio. E ficava eufórico elogiando as qualidades de mensalão, ia e vinha, sempre perguntando quanto custa o cavalo?
No meio a tudo isto, mensalão dando show na arte marchar, faz uma pausa e começa a pular. Pula aqui pula acolá, e nosso doutor caiu de cabeça pra baixo, fica no chão estendido gemendo de dor.
No mesmo dia resolvi vender mensalão, vendi para um pessoal lá da Serra de São Bento. Soube depois que ele havia dado uma queda no novo dono, quebrando-lhe o braço.

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