sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Cultura:

PONTA NEGRA
 
Amo-te ainda, porque tu és, entre as praias,
A quem se debruça a Atlântica Sentinela,
A quem se abrupta a falésia e adora, e vela.
Amo tuas curvas e o fulgor que tu espraias,

 
Nas manhãs, nua qual uma noiva na alcova,
Quando a brisa do mar e o aroma envolvente
Te beija e acaricia teu leito de areia quente,
Teu níveo lençol que a um tempo se renova.
 
 
Amo-te, como és, mesmo após a procela
Que tantos danos e estragos te trouxera,
Mas tal Fênix que no deserto recupera,
Perante o Sol, verás reerguida tua ourela.

Mira-te o Sol nascente, te encontra, no remanso,
O Morro do Careca. Oh! Dócil e bela,
Graciosa e ingênita cinderela,
Ali, contemplas um mar tranqüilo e manso.
 
Vive tua alvorada, antes que chegue o inverno
Na criança que com uma concha se encanta
E mais adiante com um búzio se espanta,
Porque és singela e transpiras o amor eterno.
 
Ao erguer do Sol tu te esvais em poesias
Desde outrora, quando das telhas-vãs
Dos velhos alpendres pendiam pucumãs
Sobre a moçada em inocentes cantorias,
 
E hoje, o concreto bruto e a dança no pé,
Ritmo de batucada: É que trazes a boemia
Pra folia toda hora, que pra ti é alforria
Todo dia para o samba e o arrasta-pé.
 
Enquanto o Astro-rei escorre ao poente
Há um paraíso ante teu Atalaia, musa minha,
Onde tu, bela e majestosa és a rainha
E o Sol é o rei, altaneiro e imponente
 
E enquanto cai a noite à última revoada
E banham-se corpos salientes no mar,
Acolhe o teu poema ao brilho do luar
Até que chegue a quietude e a madrugada.
 
(Antônio Fernandes em outubro de 2012).

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